Roedores
A escalada do progresso nas grandes cidades trouxe, além dos prejuízos sociais evidentes, um desequilíbrio da natureza, com a proliferação desordenada de diversas pragas, dentre elas, o rato urbano.
As condições são as mais favoráveis possíveis. Os predadores naturais foram eliminados; as práticas descuidadas de armazenamento de lixo, a multiplicação de terrenos baldios, de construções e o desconhecimento da população quanto aos hábitos dos roedores urbanos, favorecem cada vez mais a criação de locais propícios à proliferação destes animais. Vamos lembrar alguns aspectos importantes relativos a estas espécies, que, acreditamos, sejam alvo de constante questionamento entre os profissionais de segurança.
Espécies Principais
Denominamos como "roedor urbano" três espécies principais que habitam os grandes centros. São elas a ratazana (Ratus Norvegicus), o rato preto (Rattus Rattus) e o camundondo (Musmusculus). Elas se diferenciam fisicamente, possuem sistemas de alimentação, procriação e habitação distintos, mas todas, com a mesma importância no aspecto saúde, danos materiais e segurança.
A espécie mais conhecida e disseminada é a ratazana. Sua localização em áreas livres se faz através da formação de túneis subterrâneos, interligados, local em que se acomodam em colônias numerosas. Um aspecto interessante a ressaltar sobre esta espécie, é que suas tocas, possuem sempre duas ou mais entradas e uma saída de emergência, que é usada em casos de necessidade, tais como, entrada de inimigos, inundações e outros.É bastante agressiva e grande é o número de pessoas já atacadas e mordidas por esta espécie.
O camundongo tem por hábito viver mais próximo do homem, dentro de armários, gavetas, despensas, e devido ao seu sistema de alimentação elea dá apenas pequenas morditas em diversos tipos de alimentos de uma só vez - é responsável por grandes estragos nas áreas de armazenamento de alimentos.
O rato preto possui, o senso de equilíbrio altamente desenvolvido, o que lhe permite escolher sempre as partes altas (fôrros, copas de árvores, etc.) para seu abrigo e procriação, de lá saindo apenas para buscar comida.
Prejuízos Causados por Roedores
Como já dissemos anteriormente, as três espécies urbanas possuem igual relevância no que diz respeito aos aspectos saúde, danos materiais e segurança. Vejamos:
Saúde:
O rato é conhecido como transmissor em potencial de cêrca de 35 doenças ao homem e animais domésticos, quer pela contaminação de alimentos por fezes e urina, quer pelo ataque direto (mordedura) ou ainda indiretamente, através de pulgas e carrapatos que os parasitasm. Dentre as doenças transmitidas citamos a raiva, a febre de Haverhill, a leptospirose (transmitida por contato da pele com água contaminada, fato que ocorreu em diversos municípios da grande São Paulo no ano de1981/82 por ocasião das enchentes), a triquinose, as pragas (bubônica, septicemica ou peste negra e pneumônica), a salmonelose, o tifo murino, e a poliomielite. Além disso, queremos salientar que o aspecto psicológico é bastante significativo, levando-se em conta que nenhuma pessoa se dispõe a trabalhar com tranquilidade e com toda a sua capacidade de produção, numa área infestada por ratos.
Danos Materiais:
Devido a sua grande facilidade de adaptação ao meio ambiente, o rato é capaz de utilizar quase todo tipo de material como alimento, sendo que destrói 3 vezes mais do que consome. Roem tudo o que está ao seu alcance, desde matérias de origem vegetal, como papel, papelão, madeiras, até materiais sintéticos, como plásticos, tecido e outros. Não raramente se introduzem em embalagens (containners, caixas, etc.) e até serem percebidos, danificam todo o conteúdo, causando prejuízos bastante significativos, que somados não se comparam aos custos resultantes de uma manutenção de combate e prevenção.
Segurança
A sua participação nos índices de acidentes também deve ser levada em consideração. Um operário, apesar de comprir à risca as determinações de segurança, poderá acidentar-se durante o trabalho se sua atenção for subitamente desviada para um rato que se evade de sua máquina de trabalho. Ou ainda, na cozinha, ao abrir um forno, se a pessoa é agredida por um rato que se sente acuado. Os incêncios podem se originar da presença de roedores nas instalações elétricas de uma área fabril. Devido a sua constante necessidade de desgastar os dentes que crescem de 12 a 13 cm por ano, o rato rói as capas de fios elétricos, gerando curto-circuitos que podem se traduzir numa paralisação da fábrica ou, ainda, em incêndios que expõem a risco de vida os que ali trabalham, sem levarmos em conta os prejuízos materiais causados por um acidente deste tipo.
Controle de Prevenção
Provavelmente a mais importante e certamente mais eficiente e durável técnica no controle de Roedores é a anti-ratização. É muito freqüente, ouvirmos a palavra santização ou saneamento para descrever a necessidade de um adequado armazenamento de lixo, corte freqüente de mato, remoção de detritos em terrenos baldios, etc. Ao praticarmos quaisquer dessas atividades estamos envolvidos no processo de anti-ratização. Ao tomarmos essas medidas preventivas podemos determinar uma redução sensível de roedores numa determinada área através da eliminaçãodos fatores propícios ao seu desenvolvimento. Há três elementos imprescindíveis para o desenvolvimento e sobrevivência de uma colônia de roedores: comida, abrigo e água. Na medida em que evitamos que os roedores tenham acesso a quaisquer dos três elementos citados, estamos influenciando decisivamente para a redução dos ratos e conseqüentemente reduzindo os prejuízos causados por um infestação Murina. Essa ação repressiva não elimina naturalmente a assistência especializada em Contrôle de Pragas; é utópico pensarmos em uma cidade livre de ratos. O que se pode fazer - homem de segurança + técnico em controle de Pragas - é eliminar os meios de sobrevivência tanto quanto possível e atacar as colônias utilizando as modernas técnicas desenvolvidas hoje para este trabalho. Os recursos utilizados hoje são os mais variados e adequados para cada tipo de área ou problema. Resumem-se basicamente em ISCAGEM, FUMIGAÇÃO e POLVILHAMENTO. Existe também o uso da luz ultra violeta para rastreamente de trilhas de roedores. A luz em contato com as fezes ou urina provoca uma reação química tornando fluorecente as áreas por onde passam os roedores. No mercado exterior encontramos uma série de recursos mecânicos para a eliminação de roedores, porém criados em função de uma realidade diferente da nossa, mas que devem ser mencionados a titulo de curiosidade. As placas de cola são eficientes principalmente para camundongos porém devem ser vistoriadas e trocadas com freqüência, porque ocorre o acúmulo de insetos e detritos. O inconviniente é que o rato habitua-se a este elemento, procurando evitá-lo em suas incurções. As armadilhas criadas compreendem desde a conhecida quebra-costas até as armadilhas eletrônicas, em que o rato é eletrocutado ao ser apanhado. Os recursos eletromagnéticos e o ultra som são os artefatos mais recentes, porém seu uso não tem demonstrado, pelo menos no que diz respeito aos trabalhos efetuados no exterior, que sejam recursos válidos e eficiente para o controle de roedores.
Conclusão
Há muitas lendas e estórias envolvendo esta criatura incrível que é o rato. Talvez a mais conhecida delas é a do Flautista de Hamelin. Conta-se que na Idade Média, Hamelin foi assolada por uma súbita invasão de ratos e os burgomestres contrataram um jovem flautista que se dispôs a eliminar todos os ratos da cidade e em troca receberia uma boa quantia em dinheiro. E assim foi. O flautista usando sua flauta mágica, levou para o rio todos os ratos da cidade, onde morreram afogados. Porém na hora de receber o pagamento por tão importante tarefa, os burgomestres recusaram-se a pagar. O flautista indignado com está atitude usou sua flauta mágica mais uma vez. desta vez para encantar as crianças da cidade, levando-as para nunca mais voltar.
O rato é sem dúvida prejudicial e o homem tem tentado exterminar esta praga por séculos. Entretanto, somente nos últimos anos é que tem sido desenvolvidos estudos sérios sobre o seu comportamento e estes estudos mostram cada vez mais que a habilidade impressionante de adaptação do rato é encorajada pela própria negligência do homem.
12/6/2002