Pesquisa: Listar todos Insetos & Cia
  Boletim Informativo No.: 31

CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO USO DE ARMADILHAS LUMINOSAS

UM FOCO EM PRAGAS

CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO USO DE ARMADILHAS LUMINOSAS

Há uma tendência atualmente das indústrias migrarem para áreas mais afastadas dos grandes centros e ocuparem nichos ecológicos habitados por um grande numero de insetos. É bastante frequente a queixa de empresas com a presença de moscas, mosquitos, tesourinhas, mariposas e outros mais. Estes insetos vem atraídos principalmente pela luz emitida por estes estabelecimentos. Em geral, não se inclui no planejamento do estabelecimento a colo-cação de recursos anti insetos e , não raro, a intenção é resolver os problemas futuros com o uso de inseticidas. Porém estes tem limites de uso.

Não se entende como procedimento seguro aplicar constantemente inseticidas espacialmente em ambientes internos, especialmente se estes forem destinados à produção de alimentos ou fármacos. O princípio do controle de pragas é buscar os focos dos agentes perturbadores e eliminá-los.

Ocorre que , quando falamos em insetos presentes na área rural o foco é a mata e é inviável aplicar inseticida nela sem causar prejuízos importantes para o ecossistema. Há necessidade de buscar alternativas mais seguras. As armadilhas luminosas com emissão de radiação ultra violeta é um dos recursos viáveis e que tem demonstrado bons resultados.

Óbviamente que o uso destas armadilhas não dispensa a instalação de medidas anti insetos, tais como o uso de telas em janelas, molas em portas e cortinas de ar de boa qualidade.

O FDA (Food and Drug Administration) publicou em 1987 uma separata constante do Manual de Proteção aos Estabelecimentos de Venda de Alimentos a respeito de uma questão que é a seguinte: “ Os equipamentos usados para eletrocutar insetos voadores são eficientes e aceitáveis para uso em estabelecimentos de venda em varejo?”

Esta questão foi respondida pelo Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos através de um documento oficial e para embasar as afirmações foi feita uma ampla pesquisa bibliográfica.

Vários aspectos foram considerados: instalação, altura, posicionamento, segurança, modelos mais eficientes, número de unidades a serem usadas. Relacionamos a seguir alguns pontos importantes do referido documento.

1 – Tais recursos são importantes para o controle de pragas de importância para a saúde pública e devem possuir bandejas para reter os insetos capturados. Estas bandejas devem ser limpas pelo menos semanalmente.

2 – Devem ser usados somente armadilhas fixadas em paredes. Armadilhas de teto não são recomendadas para estas áreas.

3 – O eixo da armadilha não deve ficar a mais do que 1 metro do piso.

4 - As armadilhas devem manter uma distância de 1,5 m dos alimentos.

5 – Armadilhas luminosas são eficientes para o controle de determinados insetos. Insetos rasteiros, como baratas e pragas de grãos armazenados, não são controlados com este recurso.

6 – As armadilhas devem ser instaladas em uma altura que seja compatível com os hábitos de vôo do inseto alvo. Para moscas em geral, recomenda-se a instalação a não mais do que 1 metro do piso. Para algumas borboletas de alimentos armazenados, sugere-se a instalação próxima do teto.

7 – A escolha do modelo e a determinação do número de unidades a serem instaladas depende dos insetos infestantes. Moscas não percebem lâmpadas de 15 watts a mais de 4 metros de distância. O brilho da lâmpada, o tamanho da armadilha, a área de reflexo e até a orientação das lâmpadas(verticais ou horizontais) podem interferir na eficiência.

8 – As armadilhas luminosas podem se tornar ineficientes na competição com outras fontes luminosas, tais como a luz do dia.

9 – Sabe-se que o alcance da visão das moscas para a luz é curto enquanto que a atração para odores é grande. Assim mais moscas poderão ser eliminadas se as armadilhas forem colocadas próximo às fontes de odor.

Um ensaio de Lillie e Goddard (1987) demonstrou a eficiência do uso de armadilhas luminosas em restaurantes. Foram selecionados dois estabele-cimentos que possuíam diferentes horários de funcionamento. Duas armadilhas verticais , de parede , foram instaladas em cada unidade; uma armadilha na cozinha e outra na área de servir. As armadilhas eram ligadas e desligadas a cada 7 dias e a movimentação de moscas era observada durante cada ciclo. Os resultados obtidos mostraram que quando as armadilhas estavam ligadas elas capturaram cada uma cerca de 200 moscas por semana. Foi observada uma redução em 72% na presença de moscas quando as armadilhas estavam ligadas. Resultados de 89 a 97% foram obtidos por Weidhass et al (1985), porém em condições diferentes, sem a existência de outras fontes de energia ultra violeta competitiva e manteve as portas do ambiente fechadas o tempo todo. O ensaio de Lillie e Goddard está mais próximo da realidade.

O controle de moscas em áreas de produção de alimentos e fármacos não pode ser obtido através do uso de pesticidas. A única solução viável é o uso de barreiras físicas(telas, molas em portas) , educação dos usuários e mediante o uso de armadilhas com atratividade ultra violeta. Um detalhe importante recomendado por todos os fabricantes de armadilhas é a troca pelo anual das lâmpadas. Um recente artigo publicado na revista International Pest Control discute a durabilidade da emissão da energia ultra violeta , bem como todos os fatores que podem reduzir a sua eficiência. A radiação ultra violeta não é percebida pelo olho humano; somente pelos insetos. Assim , a única forma de verificar se a lâmpada ainda está irradiando é através do uso de sensores de ultra violeta, equipamentos portáteis que acusam a sua presença. Outros detalhes são também muito importantes para o aproveitamento total desta energia. A higienização das lâmpadas constante é uma prática muito importante, pois o acúmulo de poeira ou gordura diminui sensívelmente a emanação de ultra violeta, reduzindo consequen-temente a performance da armadilha.

O uso de armadilhas luminosas é atualmente o melhor recurso existente para o controle de moscas, abelhas e outros insetos que invadem a produção de alimentos e fármacos. É importante buscar equipamentos que sejam duráveis, que tenham pouca ou nenhuma manutenção para que a finalidade de controle de insetos alados seja realmente atingida.•





FORMIGAS URBANAS - UM DESAFIO DOS TEMPOS MODERNOS

FORMIGAS URBANAS – UM DESAFIO DOS TEMPOS MODERNOS

Elas são pequeninas, conhecidas como formigas de açúcar ou formiguinhas. Em geral são minúsculas e se escondem e se infiltram em todos os lugares da casa, do comércio, do restaurante , da indústria. Adoram açúcar mas também comem insetos (proteínas) e quase todo o tipo de alimento. Num dia elas estão na cozinha; no outro dia ,no banheiro; uma semana depois elas tomaram conta da casa Entram em delicadas engrenagens eletrônicas, danificam computadores e pouco ainda sabemos sobre elas. É uma tortura conviver com elas pois não há canto que escape, o que leva qualquer um à loucura.

Uma espécie freqüen-temente encontrada nos Estados Unidos e Europa tem sido bastante estudada – a Monomorium pha-raonis, uma formiguinha bem pequena e de coloração marrom. Porém existem muitas outras espécies infestando os nossos ambientes urbanos, além desta. É bastante comum encontrarmos di-versas espécies diferentes ocupando nichos dentro da mesma estrutura. Uma espécie muito comum é a Tapinoma melanocepha-lum (formiga fantasma). A principal característica desta espécie é que ela tem pernas e gaster (abdomen) numa cor branca, meio vitrificada, vista na lupa. A olho nu parece que as perninhas são invisíveis, daí o nome popular. Ela é frequen-temente encontrada em residências, escritórios, restaurantes, hospitais. As outras espécies de formigas urbanas já observadas no Brasil, de acordo com os pesquisadores do Instituto Biológico e CEIS (Centro de Estudos de Insetos Sociais) da UNESP de Rio Claro são:

& border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Paratrechina longi-cornis( formiga louca)
& border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Paratrechina fulva
& border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Solenopsis spp (lava-pés)
& border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Camponotus spp (for-miga carpinteira)
& border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Wasmania auropun-ctata – pixixica
& border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Crematogaster spp – formiga acrobata)
& border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Pheidole spp – formiga cabeçuda)
& border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Brachymyrmex spp
& border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Linepithema humile – formiga argentina)

Diversos estudos já feitos a respeito destas espécies demonstram que elas tem algumas características em comum, tais como, eusociabilidade (são insetos verdadeiramente sociais e nestas colônias ocorre a divisão de trabalho, a presença de várias gerações em um mesmo período e o cuidado com a prole); a poliginia (presença de diversas rainhas);a fragmentação das colô-nias e a grande facilidade de migração. Porém podem ter hábitos ali-mentares diversos, o que vai complicar em muito o controle destes insetos.

A capacidade de fragmentação das colônias é uma das características mais importantes pois é a causadora das infestações súbitas e generalizadas nos ambientes urbanos. Em laboratório já foi observado que quanto mais “perturbação” as formigas recebem, mais as colônias se expandem. Fora do laboratório o que frequentemente ocorre é as pessoas utilizarem algum tipo de inseticida localizado para combater o problema. Os inseticidas são aplicados geralmente com bombas ou frascos de aerosol pressurizados. Como as formigas são muito pequenas, qualquer frestinha é suficiente para abrigo. Assim que elas percebem a “perturbação” do inseticida sendo aplicado, elas dividem a colônia em grupos com rainhas, operárias e larvas e se deslocam para outros nichos. A aparência inicial é a de que o problema foi resolvido. Pouco tempo depois, elas parecem “brotar” por todos os lados,o que desnorteia quem está vivendo o problema. A recomendação dos especialistas é de que não sejam utilizados inseticidas líquidos pul-verizados no controle destes insetos. A tendência é a utilização de iscas na maioria dos trabalhos a respeito de controle. Assim mesmo, este trabalho tem que ser feito por um profissional, pois há necessidade de identi-ficação da(s) espécie(s) infestante(s) para adequar o tratamento.

Estas formigas são em sua maioria, introduzidas no Brasil. Sua origem é a África. Aqui elas se adaptaram às estruturas urbanas. Podem se alojar em frestas, mesmo que não exista nenhum jardim próximo. Foi observado que áreas em que piso e paredes estejam bem vedados, sem rachaduras é mais rara a presença destes insetos. A espécie Camponotus pode ser considerada inclusive como indicador de deficiências estruturais e a sua presença demandar medidas de manutenção, segundo Fowler et al(1993).

São facilmente trans-portadas em roupas, compras, embalagens, produtos, etc. Devido à sua facilidade de dispersão e fragmentação, elas podem iniciar uma colônia com muito poucos indivíduos. Elas precisam de frestas e alimentos à base de carboidratos e proteínas. O hábito que as pessoas tem de levar alimento fora do refeitório ou da cozinha permite que estas formigas encontrem novos habitats.

Do ponto de vista de saúde pública as formigas urbanas tem sido bastante estudadas e representam um grande risco de contaminação mecânica de microrganismos patogê-nicos. Dois trabalhos desenvolvidos na Checos-lováquia e publicados em 1992 (Srámová et al) concluíram que diversos artrópodes, coletados em áreas hospitalares dentre eles algumas espécies de formigas, portavam micror-ganismos patogênicos (Enterobacter spp, Kle-bsiella spp, Citrobacter spp) resistentes a mais do que três antibióticos.

Quando falamos em pragas estamos sempre falando de matéria orgânica em decompo-sição, lixo, etc. No caso das formigas urbanas, nem sempre isto é verdadeiro. Em 1973 a Revista Lancet publicou uma informação de que foi encontrada na UTI de um hospital na Grã Bretanha uma grande quantidade de formigas (Monomorium pharaonis) aninhadas em uma prateleira contendo mate-rial esterilizado a ser utilizado. A mesma revista publicou no mesmo ano outro incidente . Desta vez as formigas infestaram embalagens de soro que se encontravam estocadas na enfermaria da ala cirúrgica do hospital. As formigas roeram o plástico protetor dos frascos de soro. Neste caso algumas formigas foram coletadas(a espécie era também M. pharaonis) e foi constatada a presença de Pseudomonas aeruginosa.

No Brasil um trabalho de 1993 desenvolvido por Fowler et al identificou inúmeras espécies de formigas urbanas presen-tes em um mesmo hospital, com predominância da T. melanocephalum. Estavam presentes também nestes insetos microrganismos patogênicos importantes na infecção hospitalar tais como, Klebsiella spp, Staphlococcus aureus, Enterobacter spp, dentre outros. Os autores concluem que, devido ao seu tamanho e por muitas vezes, passarem desa-percebidas, as formigas urbanas devem ser consideradas como os principais agentes trans-portadores de bactérias associadas às infecções hospitalares.

Há uma grande necessidade de se desenvolverem estudos no Brasil relacionados à presença e papel destas formigas nos diversos ambientes urbanos. Muitas espécies ainda não foram bem estudas e o Brasil, por ser um país tropical, favorece o estabelecimento e proliferação destas espécies.•



 

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