A 1ª Fábrica limpa do Brasil.

    A
moda da ISO 9000 e o interesse de seus dividendos a nível de marketing tem, muitas vezes,
deixado em segundo plano um trabalho que é muito mais importante para todos nós
consumidores, que é a busca da Qualidade Total e a implantação de Programa de Garantia
de Qualidade.

    Recentemente em São Bernardo do Campo foi inaugurada a
1ª fábrica limpa do Brasil de propriedade do Grupo Colgate, cuja preocupação até
agora tem sido justamente a de produzir uma escova de dentes dentro do mais alto padrão
de higiene e qualidade jamais imaginado em nosso país.

    A nossa reportagem foi visitar a nova fábrica da
Kolynos e entrevistou um de seus importantes idealizadores e colaboradores, o Eng.º
Carlos Eduardo, atuando na área de segurança e manutenção, há mais de 15 anos na
empresa.

    Segundo o Eng.º Carlos Eduardo a Colgate tinha o
projeto de construir uma fábrica modelo no Brasil e, para a execução deste novo
projeto, foi aproveitada a equipe de profissionais da Fontoura - Anakol, que também
tinham o projeto de construir uma nova fábrica farmacêutica na área.

    O projeto da Anakol - Fontoura foi abandonado já que a
unidade foi vendida para o grupo Colgate. Todo este pessoal técnico foi absorvido e a
experiência acumulada em anos de vivência de indústria farmacêutica serviu para
estruturar o trabalho de planejamento e edificação desta nova fábrica. Envolveram-se,
portanto, neste projeto profissionais da área de segurança do trabalho, engenharia,
administração, controle de qualidade num grupo executor e auditor.

    O projeto da nova fábrica foi desenvolvido em cima de
rígidas normas, segundo a FDA (Food and Drug Administration) com base no regulamento GMP
(Good Manufacturing Practices).

    Segundo Carlos Eduardo o conceito da fábrica limpa
está ligado a algumas características e altitudes, a saber:

1.  Não há
comunicação direta da fábrica, com o meio externo, não há janelas, e as portas tem
antecâmera.

2. O sistema de ventilação
é por meio de condicionares de ar com filtro.

3.  O piso é limpo e
lavável e sem cantos vivos nos rodapés.

4. As paredes são limpas e
laváveis (pintura acrílica).

5. O forro é liso com
iluminação embutida e fechada e com isolamento térmico.

6. Toda tubulação de
utilidades (água, eletricidade, ar comprimido, etc.) desce verticalmente do teto ao ponto
de utilização (evita-se superfícies horizontais, em altura superior a 1,80 m para
evitar acúmulo de pó).

7. Toda instalação de
utilidades está centralizada na Casa de Máquinas, o que evita geração de ruído e
calor no ambiente de trabalho e isola os trabalhos de manutenção.

8. Nenhum resíduo pode ser
descartado sem antes caracterizá-lo e identificar o meio e local adequado e aprovado para
este fim.

    Do ponto de vista ambientalista foram elaborados
programas de ação rotineira que tornam a fábrica de escovas ambientalmente correta.

1. Toda sobra de matéria
prima é reciclada na Fábrica , ou reciclada em terceiros.

2. Toda sobra de embalagem
de matéria prima (ex.: caixa de papelão, sacos plásticos) é separada e vendida para
reciclagem.

3. Todo papel ou apara de
papel gerado na fábrica é coletado separadamente para reciclagem.

4.  Todo efluente
líquido é tratado em Estação de Tratamento de Efluentes.

5.  Todos os resíduos
sólidos não recicláveis são dispostos em locais autorizados pelos órgãos ambientais.

6. O controle de insetos
voadores é feito com o uso de armadilhas luminosas com a finalidade de se minimizar o uso
de pesticidas.

7. Todos os produtos
utilizados para limpeza em geral (máquinas, equipamentos, piso, etc.) são
biodegradáveis.

8. Os panos utilizados para
a limpeza de peças, máquinas, equipamentos e pisos são reciclados.

9.  Óleos e
lubrificantes de máquinas e equipamentos utilizados na fábrica são recolhidos e
vendidos para empresas de recuperação desses resíduos.

10. A fábrica não emite
nenhum tipo de poluente na atmosfera.

11. É expressamente
proibido fumar no interior da fábrica.

    Ao ser perguntado sobre a itenção da empresa em obter
o seu certificado de ISO 9000, o Eng.º Carlos Eduardo nos informou que a preocupação
básica da Kolynos tem sido atingir um padrão de qualidade total, com exigências
inclusive bem mais severas das que são apresentadas num processo de obtenção de ISO
9000. Em resumo, o que conta mesmo para a Kolynos é a satisfação do consumidor final.

Nas áreas superprotegidas que são a fábrica de cabos e a fábrica de escovas, foi projetado um vestíbulo, recurso muito simples e inteligente para afunilar as possibilidades de entrada de pragas.

Neste vestíbulo foram instaladas armadilhas luminosas na freqüência de 350 nanômetros, com duas lâmpadas de 40 watts em cada luminária.

As luminárias possuem bandeja coletora removível, de fácil limpeza e higienização, permitindo assim que eventuais insetos voadores possam ser recolhidos com facilidade, e não se acumulem dentro das bandejas, o que poderia vir a se constituir em foco de atração para outros insetos.

A partir do vestíbulo, na área fabril propriamente dita, não há qualquer utilização de produtos químicos também.

Como as possibilidades de ingresso de insetos alados são nulas além do vestíbulo, a única preocupação foi com rasteiros.

Foram então distribuídas armadilhas adesivas com forte atraente para baratas, com limitado raio de ação. Não há possibilidade das armadilhas virem a atrair insetos que estejam do lado de fora do prédio, pois o raio de ação desses artefatos é de cerca de 1,5 metros quadrados.

O objetivo desta distribuição é unicamente monitorar eventuais ingressos de insetos via caixas de embalagem, por exemplo, e não permitir a sua ação nesta área. Na realidade estas armadilhas vão agir como postos de vigilância, que serão trocados mensalmente para avaliação.

    A utilização de inseticidas fica restrita às áreas do serviço, tal como o forro por onde passam todas tubulações e áreas de armazenagem. Estes locais são de risco médio para insetos rasteiros, devido principalmente à temperatura ambiente um pouco mais elevada e devido também a uma maior proximidade com o ambiente externo.

A escolha do equipamento recaiu sobre um termonebulizador, numa formulação de 1% de cipermetrina. O residual é praticamente nenhum. A afirmativa é do próprio ITAL (Instituto Tecnológico de Alimentos) que efetuou um ensaio de laboratório utilizando uma formulação a base Cipermetrina a 1%, liberada pelo equipamento nebulizador Thermo Fogger 2107, marca FUMACÊ, de procedência americana, com dois estágios de aquecimento.