Boletim Informativo No.: 20 A LEPTOSPIROSE VOLTA A ATACAR A Leptospirose volta a atacar Nos últimos dois meses o Brasil tem enfrentado mais uma das conseqüências da ocupação de terras desordenada, fruto da desorientação e da miséria – as grandes enchentes. Por toda a parte é só o que se lê nos jornais e se vê nos noticiários. Pessoas desabrigadas, que perderam tudo o que conseguiram numa vida inteira. Esta grave situação social é fruto de uma série de atitudes das quais todos nós brasileiros temos uma parcela de responsabilidade. Mas a questão que devemos tratar não é política, apesar de sofrer os reflexos das atitudes da sociedade. Estamos falando de um problema que sempre acompanha as grandes enchentes que é a Leptospirose. Afinal o que é esta doença?
"O Rato" - Vilão da história Todos nós, em algum momento de nossas vidas, já tivemos um contato imediato com essa criatura repugnante e assustadora que é o rato. Muitos já tiveram contatos até bem próximos, quando levaram uma bela mordida no traseiro quando estavam despreocupadamente lendo o seu jornal de Domingo no vaso sanitário. Há, porém, um contato, um tanto ou quanto invisível para os nossos olhos, porém que acompanha as águas quando os rios ameaçam sair de seus leitos ou quando os esgotos e galerias subterrâneas, entupidos com toda a sorte de entulhos, transbordam inundando as cidades, entrando dentro de nossas casas, trazendo toda a sorte de infortúnio para aqueles que são obrigados a viver em regiões mais assoladas por esta praga. Qual praga? A das enchentes ou a dos ratos? Ambas. Pois as duas andam de mãos dadas. Como? O que tem uma coisa a ver com a outra? Vamos explicar melhor.
A doença tal qual ela é A Leptospirose ou doença de Weil é causada por uma bactéria chamada de Leptospira ictero-haemorrhagiae. Ela é uma das bactérias com as quais os ratos podem viver em perfeita harmonia, pois, apesar dela viver em seu organismo (do rato), ela não afeta absolutamente a sua saúde. Até os filhotes de rato podem nascer já portando as leptospiras em seus rins. As leptospiras são então excretadas através da urina nos ambientes onde vivem os ratos. Ali, elas podem viver cerca de 45 dias na água ou em condições de umidade. Mas, como ela consegue afetar o homem e outros animais? Muito simples. A leptospira é uma bactéria extremamente ágil e penetra no organismo humano ou de animais através das muscosas ou da pele, com o mais simples dos arranhões. Todos nós sabemos que os ratos estão por toda a parte, mas talvez nem todos saibam que os habitats preferidos por estes animais nas grandes cidades, são as margens de rios, lagos, represas e as redes de esgotos e canalizações de águas dm geral. Nestes locais abrigados e de difícil acesso físico para o homem, seu predador e inimigo mais direto, o rato vive, tem seus filhotes e urina. Aliás, ele urina bastante. Todo o tempo. As leptospiras guardadas e reproduzindo-se em seus rins são liberadas para o ambiente externo em grande quantidade. No transbordamento de rios, córregos, esgotos, a água excedente "lava" as tocas onde os animais se abrigam e levam as leptospiras. As pessoas que são obrigadas a enfrentar a chuva e suas consequências, inconscientes do perigo que estão correndo, tem altas probabilidades de se contaminar com estas bactérias, que penetram através de pés descalços.
E POR FALAR EM INSETICIDAS E por falar em inseticidas Observando as pessoas em supermercados e conversando com amigos, um dia desses me dei conta de que quase todos nós temos inseticidas em casa. São tudos de aerosol, fumigantes elétricos, locos repelentes e até a nossa velha conhecida naftalina, todos estes perfeitamente inseridos em nosso dia a dia como a pasta de dentes e o sabão em pó. Mas será que nós realmente conhecemos os inseticidas? E se pensarmos nos inseticidas de uso profissional, aqueles cujo manuseio e aplicação é permitido exclusivamente a empresas controladoras de pragas, com técnico responsável e registro junto a Secretaria da Saúde, quantos de nós podemos afirmar que entendemos alguma coisa sobre o assunto? Buscando partilhar um pouco do conhecimento adquirido nos anos em que venho estudando o controle de pragas urbanas, escrevi artigos que vão falar um pouco dos inseticidas, suas características e aplicações.
A origem dos inseticidas Os inseticidas são usados pelo homem desde a antiguidade e surgiram com a necessidade de proteger as colheitas dos ataques de insetos, que a cada ano comprometiam uma parcela maior da produção agrícola. Com o passar do tempo, foram se tornando mais necessários e eficientes a fim de atender a crescente demanda de alimentos. Conforme a ciência evoluía e a química se aperfeiçoava, surgiam os primeiros inseticidas químicos, sendo que, a partir da década de 40, apareceria uma primeira classe de inseticidas reunindo características que, para a época, eram consideradas fantásticas, com baixas doses de aplicação, ação rápida e longo efeito residual, com a vantagem de serem menos tóxicos para o homem do que os demais inseticidas disponíveis. Estava lançado o DDT, que significava para muitos uma revolução no controle de pragas e seria responsável, juntamente com os adubos químicos, pelo suposto milagre da agricultura com safras recorde e produção em solos praticamente estéreis. Além do uso nos campos, o DDT mostrou-se excelente nas cidades para o controle de insetos transmissores de doenças e agentes de incômodo, sendo aplicado pelo governo em vários países da Europa e Américas. Surgia, então a DEDETIZAÇÃO, que viria a tornar-se popular, anos mais tarde, com empresas particulares oferecendo este serviço. Enquanto por todo o mundo ampliava-se o uso do DDT, surgiam outros inseticidas do mesmo grupo ainda mais eficientes com a mesma característica de longo efeito residual, porém com doses ainda menores de aplicação.
Os sinais de resistência Já a partir da década de 50, surgiram novas classes de inseticidas que passariam a ocupar o lugar dos Clorados (DDT, ALDRIN, DIALDRIM) nos anos seguintes, pois a eficiência destes mostrava falhas em diversas partes do mundo, onde pesadas doses dos produtos já não conseguiam controlar os insetos, configurando o que viria a ser chamado de resistência. Outro problema que começava a ser discutido era o da persistência dos clorados nos organismos vivos, pois descobriu-se que estes inseticidas não eram eliminados nem metabolizados pelos animais, ficando acumulados por anos nos tecidos do corpo. Chegaram a ser encontrados vestígios de DDT em animais que viviam em locais onde nunca se havia aplicado o produto, como na região Ártica. Isso mostrava que o mesmo entrava na cadeia alimentar podendo contaminar a fauna de maneira irreversível.
Em busca da modernidade As pesquisas continuavam e novos compostos surgiam a cada ano. Na década de 70 nasciam os Piretróides, inseticidas sintéticos que foram desenvolvidos com base em substâncias vegetais. Estudavam-se também métodos de aplicação mais adequados e uma política de uso racional para os inseticidas que respeitasse a natureza. Estes aperfeiçoamentos chegaram também ao controle de pragas nas cidades. Foram desenvolvidos métodos e equipamentos específicos para este fim, bem como produtos que atendessem as exigências do uso urbano, onde se aplicam inseticidas em áreas fechadas com a ocupação constante por vários tipos de pessoas, como crianças e alérgicos. Os inseticidas urbanos tinham agora que atender maiores exigências quanto a segurança e persistência no ambiente. As leis especificavam quais produtos poderiam ser aplicados nas cidades, exigindo na sua composição uma maior pureza nos componentes ativos e solventes diferentes dos usados na agricultura, já que os solventes agrícolas eram específicos para aplicação em áreas abertas e ventiladas. Um fato interessante é que, apesar de parecer uma coisa óbvia, apenas nos anos 70 passaram a ser adotadas práticas que visavam preservar o ambiente e a saúde das pessoas expostas a inseticidas por um certo prazo, levando em consideração os efeitos nocivos dos praguicidas após um período contínuo de exposição. Com todos estes aperfeiçoamentos e novos conceitos se popularizando, desponta nos consumidores uma tendência a optar por empresas mais qualificadas que fossem além da simples pulverização de rodapés. Surge, então, o termo DESINSETIZAÇÃO para designar o controle de insetos, iniciando uma nova era nesta atividade, na qual procura-se solucionar os problemas com pragas de maneira mais ampla, levando em consideração outros fatores além do tamanho da área a ser tratada (entenda-se: metragem em rodapés). Nos próximos artigos serão abordados outros temas ligagos aos inseticidas e suas características, como segurança, propriedades, diversidade e também histórias sobre compostos e classes.
Lagartas uma Praga das Belas Palmáceas Lagartas uma Praga das Belas Palmáceas Como é lindo olhar para uma palmeira, plantada com tanto carinho e que levou um tempão para adquirir aquele porte majestoso. Observar as suas folhas balançando com o vento, observar os pássaros comerem de seus frutos. É realmente uma paisagem maravilhosa e que pode desaparecer em algumas horas graças ao ataque impiedoso das lagartas, espécies Brassolis sophorae e Brassolis astyra astyra. As lagartas são Lepidopteros, ou seja, vulgarmente conhecidas como borboletas. Estão muito presentes em regiões de clima quente, como a região Nordeste, por exemplo. Nas regiões menos quentes, como S. Paulo, elas aparecem com muita força nos períodos de temperaturas mais elevadas e fazem um estrago digno de nota. As fotos que apresentamos ao lado demonstram bem este estrago. Elas foram tiradas no mês de fevereiro, na região do Ipiranga, Av. Nazaré. Observem que algumas palmeiras ficaram somente com os talos das folhas.
Biologia As espécies B.astyra astyra e sophorae são insetos de metamorfose completa, ou seja, da borboleta adulta saem ovos; destes saem as larvas ou lagartas; da lagarta sai a pupa e daí a grande transformação em adulta de novo. A fêmea deposita os seus ovos em grupos de 100 a 150 na parte inferior da folha. Os ovos permanecem em incubação durante uns 25 dias. As lagartas que eclodem destes ovos são gregárias. Formam grandes grupos reunidas em um ninho tecido com seda produzida por elas. Esta seda permite que o ninho fique impermeável e desta forma elas podem ficar tranquilas, enroladas na seda, nas folhas de palmeira. Os grupos são tão grandes que cada ninho pode atingir cerca de 40 cm de comprimento por 10 cm de largura. Cada ninho possui na sua parte inferior um pequeno orifício por onde são eliminadas as fezes. Este, é inclusive, um sinal característico de sua presença. Se você observar que existe um aglomerado de fezes junto ao tronco da palmeira pode se apressar, pois logo ela vai ser devorada pelas lagartas. E elas são muito espertas. Elas só saem do ninho a noite, para fugir aos predadores. Elas permanecem como larvas por cerca de 150 dias e medem cerca de 80 mm de comprimento. Imaginem o nível de estrago destes insetos famintos durante 150 dias. Findo o tempo de lagarta, elas abandonam a palmácea e procuram um outro lugar para pupar por cerca de 20 dias. Resumindo, o ciclo biológico dura cerca de 200 dias e se nada for feito contra elas, as plantas vão definhando depois de cada ataque, ficando cada vez mais fracas e vulneráveis a outras pragas. Daí para o extermínio total é um pulo. Fique atento! Existem muitas formas de combater esta praga, inclusive com produtos ecológicos, sem afetar o meio ambiente.
LEPTOSPIROSE - DOENÇA NÃO MUITO EXPLÍCITA "Leptospirose" doença não muito explícita
Quais são os grupos de risco? Em primeiro lugar, obviamente as populações que sofrem constantes enchentes. Geralmente, as áreas de inundação estão também sem nenhuma proteção no que diz respeito ao saneamento do meio. Em muitas áreas há trasbordamento dos esgotos ou ainda correm a céu aberto simplesmente. Agora, será que somente os menos favorecidos pela vida são os únicos afetados por esta doença? Para surpresa geral, as pessoas que gostam de praticar esportes náuticos e pescarias também são um alvo fácil para a Leptospirose. Vejamos um exemplo bastante simples e claro. Em São Bernardo do Campo nós temos a Represa Billings, famosa pelos Campeonatos de Lanchas e por seus esquiadores. As margens da Billings ergue-se uma população mais privilegiada junto a uma população carente. Não é difícil encontrarmos grandes quantidades de lixo jogadas nas margens o que atrai grande número de ratos que vem em busca do alimento e da água para sobreviver, além do abrigo, é claro. As consequências são mais do que previsíveis. As pessoas vão banhar-se nestas águas a procura de um justo lazer e contraem a Leptospirose com muita facilidade. E como saber se estamos doentes? A Leptospirose tem alguns sintomas que podem facilmente ser confundidos com os de outras doenças mais benignas, como uma gripe, por exemplo. A aparição dos sintomas pode ser gradual ou súbita. O paciente geralmente sente dor de cabeça forte, dores musculares (principalmente na "batata" da perna e uma sensação geral de fraqueza. Também podem apresentar febre alta, calafrios, náuseas e vômitos. Pode acontecer também do paciente apresentar conjuntivite. Este último sintoma é um indicativo importante para o médico perceber que o seu paciente não está apenas com uma forte gripe. Caso estes sintomas não sirvam de alerta para o médico, o indivíduo está em grave perigo. Por esta maneira, é muito importante que o médico seja informado se o paciente entrou em contato com água de enchentes, rios ou lagos recentemente para que ele possa dar um diagnóstico correto, já que na fase inicial da doença não há sinais de leptospiras na urina deste paciente. Na Segunda fase da doença o paciente sofre de uma forte icterícia. Nos casos agudos, sem tratamento adequado, a icterícia fica mais evidente e o paciente começa a Ter dificuldades de urinar, pois inicia-se o comprometimento renal. Podem surgir manchas na pele e sangramento pelo nariz acompanhado de um aumento na pulsação e queda da pressão arterial. Esta condição já é considerada como crítica. O comprometimento renal e do fígado são simultâneos seguidos de óbito. Segundo Golding, o teste ELISA (Enzyme Linked Immuno Assay) é o meio mais seguro de detecção dos anticorpos produzidos logo no início da doença. O tratamento é muito simples; altas doses de penicilina, diálise e um bom acompanhamento médico.
LEPTOSPIROSE - MEDIDAS PROFILÁTICAS Medidas Profiláticas O meio mais eficaz de se combater a Leptospirose, é, claro, combater o rato. Este combate está aliado a um planejamento de saneamento do meio urbano, com a eliminação dos aglomerados de habitações, sem condições mínimas de higiene e sobrevivência. É obvio que estas últimas medidas são mais difíceis e demoradas e dependem da vontade política. Porém, há algumas coisas básicas que a população pode fazer para se defender desta doença. A primeira delas é, se possível, evitar zonas de enchentes. No caso disto ser uma tarefa absolutamente impossível, nunca entrar em águas sem proteção, como botas de borracha. É comum vermos as pessoas limpando as suas casas com os pés descalços ou com pouca proteção, o que os expõe desnecessariamente. Em terceiro lugar, procurar um médico aos primeiros sintomas de uma "gripe" depois das enchentes e não esquecer de informá-lo deste detalhe importante. Evitar contato com os rios, lagos e represas que apresentem sinais de sujeira e, consequentemente, de ratos. Com relação aos ratos, exija da sua administração municipal um combate de ratos eficiente e, principalmente, colabore nas Campanhas de Desratização. Há muitas formas de colaboração, senão vejamos: 1. Não jogue nunca lixo em terrenos baldios; 2. Respeite os rios – eles não são depósito de coisas usadas e de lixo; 3. Não deixe comida para cães e gatos o dia inteiro no comedouro, pois esta pode se constituir em um grande atrativo para os ratos da vizinhança; 4. Mantenha o seu quintal livre de madeiras, bugigangas, coisas velhas e de mato, pois tudo isso pode ser usado como abrigo de ratos; 5. Proteja a soleira das portas com uma tira metálica para evitar que os ratos roam a madeira e entrem na sua casa; 6. Ao utilizar raticidas tome o máximo de cuidado com crianças e animais, pois todos os venenos são mortais para animais de sangue quente; 7. E o mais importante, não deixe para fazer o controle de ratos somente quando os jornais anunciam que São Paulo já tem 650 casos suspeitos de Leptospirose com 24 mortes. O tratamento deve ser feito durante todo o ano de forma a manter as populações de ratos em níveis baixos. Assim, quando chegarem as chuvas, o risco será muito menor. |
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