A nível prático, quando estamos elaborando um programa
de Controle de Roedores, nos defrontamos com perguntas do tipo: Qual a necessidade de se
usar intervalos pequenos entre aplicações? Por que não fazer uma única aplicação por
ano? Uma só aplicação não eliminaria os ratos concentrados em uma determinada área?
Estas perguntas são respondidas pelos dados que temos a respeito, em primeiro lugar, das
altas taxas de reprodução dos roedores. A Ratazana e o Rato Preto estão aptos para a
reprodução em dois meses; o Camundongo em 45 dias. O período médio de gestação é de
22 dias. O número de ninhadas por ano varia de 4 a 8 por ano e o número de filhotes de 5
a 12, dependendo da espécie do roedor. Sabemos também que a fêmea costuma entrar no cio
apenas 3 dias após o parto, o que significa que ela estaria amamentando uma cria ao mesmo
tempo em que gerava uma nova.

    Se concluímos que o rato é um animal extremamente prolífico,
instintivamente sabemos que o combate a esta espécie não poderá nunca ser esporádico e
sim sistemático, com o oferecimento constante de raticida e uma procura e eliminação de
tocas e abrigos nas áreas externas. Os roedores não são nunca eliminados em uma única
aplicação, principalmente nas áreas industriais situadas em regiões-problema em que
haja proximidade de córregos, favelas, lixões e terrenos baldios usados como depósitos
de lixo. As colônias nem sempre estão instaladas dentro das premissas industriais e
costumam decolar-se destas áreas problema para dentro das instalações industriais,
principalmente ao redor do restaurante. O processo de controle, por esta razão terá que
ser contínuo e persistente, pois cada rato morto abrirá espaço vital para um outro rato
migrante que vai detectar possibilidade de obtenção de condições para sua
sobrevivência.

    Observa-se um curioso fenômeno entre esta espécie animal.
Suponhamos que após uma desratização obtenhamos uma mortandade de 20 a 30% dos
indivíduos. Por instinto, os ratos percebem que ocorreu um aumento de condições de
sobrevivência, com maior disponibilidade de alimentos, água e abrigo. Isto é um sinal
para estes roedores iniciarem um processo de reprodução acelerada, o que levará os
níveis da população para um desequilíbrio, com o nascimento de novos indivíduos que
vão entrar na disputa da sobrevivência.

    A nível de observação, os resultados serão um aumento
considerável de ataques e alimentos e materiais para confecção de ninhos, bem como a
procura de novos abrigos, com a expansão dos membros excedentes da colônia para áreas
da fábrica que não haviam ainda sido atingidas. Este fenômeno vai resultar em
exclamações do tipo: Fizeram uma desratização na nossa fábrica mas temos a
impressão de que os ratos aumentaram ao invés de diminuirem, como era de se esperar. É importante considerarmos todos estes aspectos na
contratação de serviços especializados, pois a análise cuidadosa destas afirmações
vai proporcionar um padrão de qualidade elevado e resultados coerentes com a realidade.

Todos os que vivem atualmente um problema com infestação de
roedores, vivenciam também um grande dilema. Como eliminar os roedores que estão
destruindo e contaminado alimentos, causando sérios riscos a saúde, sem comprometer a
segurança das pessoas que vivem ou trabalham nas áreas atingidas por estes roedores? A
resposta para esta pergunta deve ser precedida de uma análise do contexto biológico
desta estranha criatura.

Os Cinco Sentidos

    Os
ratos comensais possuem um balanceamento de forças sobre os cinco sentidos bastante
diverso do Homo Sapiens. Seu olfato é extremamente apurado, sendo utilizado inclusive
como tradutor de uma linguagem estranha e incompreensível para nós. O tato é
extremamente desenvolvido. Ele utiliza suas vibrissas (bigodes) além de pêlos tácteis
espalhados pelo corpo como orientação nas suas andanças diárias, já que sua visão é
bastante deficiente. Ele só enxerga em preto e branco e divisa apenas vultos. O paladar
é um dos grandes obstáculos para os formuladores de iscas raticidas, pois ele é capaz
de detectar quantidades mínimas de raticida incorporado às iscas, gerando o seu refugo.
E finalmente, a audição. Este inimigo extraordinário é capaz de ouvir em uma faixa
ultra sônica de até 100 khz, comunicando-se entre si, enviando mensagens de apelo
sexual, perigo, proximidade de alimento e outros.

Prejuízos materiais e à saúde humana

    O rato é tido como transmissor potencial de cerca de 38
doenças ao homem e animais domésticos, quer pela contaminação de alimentos por fezes e
urina, quer indiretamente através de pulgas que os parasitam. De todas as doenças
transmissíveis, a de maior importância atualmente em termos de S. Paulo é a
Leptospirose. Ela é transmitida quando o homem entra em contato com água ou lama, em
enchentes, contaminadas com leptospiras, liberadas na urina de roedores. Os
microorganismos invadem o corpo humano pela pele. Só para se Ter uma idéia da gravidade
e amplitude desta doença, no ano de 1988, nos meses de verão, ocorreram em S. Paulo 240
casos com 22 óbitos. O rato possui uma grande facilidade de adaptação ao meio ambiente.
Provavelmente nenhum outro animal teria condições de sobreviver dentro das
canalizações de esgoto. Ali ele obtém o seu alimento, água e abrigo. Ele roe as
canalizações atingindo gramados e jardins onde constrói suas tocas. Ele também se
utiliza da rede de esgotos para atingir as partes internas das habitações. A porta
principal de entrada é o vaso sanitário. O que aparenta ser uma tarefa de difícil
execução, é para ele bastante simples. Todas as pessoas que viveram esta experiência
tem dificuldades em superar os traumas resultantes do encontro inesperado com este
agressivo animal.

    O rato tem uma necessidade constante de desgastar seus dentes
incisivos. Estes crescem continuamente, à razão de cerca de 13 cm por ano. Já que as
vias preferidas de circulação dos ratos são as tubulações tanto de esgotos como de
águas e cabos elétricos, toda a rede elétrica de uma casa ou indústria passa a se
constituir em um alvo indefeso de seus ataques. Não há até o momento, apesar de todas
as pesquisas efetuadas, um produto ou material que possa ser incorporado aos cabos como
forma de proteção ou repelência. Os ratos podem, se não forem controlados, roer cabos
e gerar cortes de energia, paralizações de equipamentos e distúrbios nos sistemas de
computação; nesse último caso a espécie de rato que mais ataca é o camundongo, pois
costuma alojar-se no piso falso das áreas de computação.

    A palavra comensal quer dizer que come a nossa
mesa; em outras palavras, estes animais vivem em função do homem, desenvolvendo-se
a custa dos seus hábitos de refugo, habitação, etc. Onde o homem estiver, aí estará
também o rato. Este fato deve despertar em nós uma consciência de preservação do
nosso padrão de vida através da aquisição de novos hábitos. Há cerca de 2.000
espécies de ratos no mundo, porém três delas adaptaram-se aos grandes centros urbanos:
a Ratazana (Rattus Norvegicus), o Rato Preto (Rattus Rattus), e o Camundongo (Mus
musculus).

   A figura 3 nos dá uma idéia das diferenças entre as três
espécies urbanas, a nível físico. Em comportamento elas também diferem. A Ratazana
procura colher seus abrigos em tocas a cerca de 1 metro da superfície. Lá ela guarda
alimento, seus filhotes e quaisquer outras bugigangas que encontrar em suas andanças
diárias. Dificilmente ela será encontrada muito próximo da habitação do homem. Ela é
arisca demais para isso. O Rato Preto, mais raro em S. Paulo, costuma aninhar-se em partes
altas e por isso mesmo também é conhecido como Rato de Telhado. É um animal de menor
porte mas também avesso ao contato com o homem. O mais amistoso é certamente
o Camundongo. Animal extremamente curioso, provoca danos inimagináveis em despensas. Não
fica contente em escolher um alimento preferencial. Precisa experimentar de tudo e
consequentemente vai contaminando com fezes e urina cerca de 10 vezes mais do que estaria
disposto a comer. Aliás, estes animais consomem cerca de 10% de seu peso em alimentos
diariamente.

Que o sentido do
tato do rato é extremamente apurado em ralação à sua visão deficiente? Para sua
locomoção os ratos se utilizam dos seus bigodes (vibrissas) que funcionam como uma
antena orientadora. Além disso, eles possuem por todo o corpo pêlos sensoriais que
auxiliam na sua orientação. Incrível, Não?

Que um rato pode
permanecer por cerca de 3 minutos debaixo da água e nadar por 72 horas sem parar? Daí a
razão de seu surgimento através de bacias sanitárias.

Que os ratos podem
ouvir numa faixa que vai até 100 khz? O homem não consegue ouvir além de 20 khz.
Graças a esta capacidade eles estabelecem um código de comunicação entre as suas
espécies, enviando mensagens de perigo, avisos sobre fontes de alimento, chamamentos
sexuais e outros que os cientistas ainda não conseguiram decodificar.